Como queria retratar minhas experiências da maneira mais honesta e precisa possível, induzi um estado de transe através do qual revivi os momentos mais impressionantes da minha vida da maneira mais vívida possível.

Alisa Matei é designer gráfico e ilustrador. Ele também gosta de pixels e lápis. O talento para o desenho e a atração pelos quadros vem da avó, que era costureira e desenhava muito bem. Ele se sente melhor quando cria projetos que inspiram pessoas e comunidades a fazerem mudanças positivas.

Cinco anos atrás, a vida de Alisa mudou radicalmente. Surgiram então os primeiros sinais de uma rara doença neuromuscular, a miastenia gravis. Passados ​​os primeiros três anos, em que sentiu que a sua vida tinha parado – já não falava e estava muito fraca – reuniu as suas forças interiores e criativas dando sentido à doença.

Assim nasceu o projeto “Eu e a Mia, Miastenia gravis”, uma viagem ao universo de quem sofre desta condição. A obra tornou-se a voz que a autora havia perdido, era sua forma de apoiar e orientar outros pacientes com Miastenia gravis. Além disso, serve como um projeto de defesa para pacientes de MG, conscientizando e educando o público.

“Apresentei a primeira versão do livro na faculdade, como um projeto de dissertação. Mesmo suspeitando que algo estava errado comigo, muitos de meus conhecidos ficaram chocados quando descobriram o que eu passei e que tipo de condição era. “

Atualmente, o trabalho com textos e ilustrações assinados por Alisa Matei pode ser visto no quadro Exposição da Semana de Design da Romênia da Praça Amzei.

Sobre você

Olá! Sou Alisa Matei, uma garota com pixels em uma mão e lápis na outra, resumindo sou designer gráfico e ilustrador. Além da arte e do design, passei a me preocupar com a advocacia e os direitos dos pacientes, especialmente pacientes com a rara condição Myasthenia gravis, que tenho, quer queira quer não, há 5 anos.

Primórdios no design gráfico

Acho que tudo começou quando eu era pequena, minha vó era costureira e desenhava muito bem, aprendi os primeiros passos com ela, fiquei fascinada com seus croquis. Então, na primeira vez, eu queria ser designer de moda. No liceu, cativava-me o grafismo e as artes plásticas, gostava de trabalhar e de pôr a mão na massa e tinha decidido candidatar-me à secção de gráfica da UNARTE. Dois anos antes da admissão, fui para o estágio de verão na Faculdade de Belas Artes, mas estava curioso para saber o que os outros departamentos estavam fazendo.

Foi assim que acabei pela primeira vez no atelier do departamento de Design, um atelier cheio de cartazes tipográficos, livros, projetos de branding e ilustrações. Fiquei simplesmente encantado, senti que me serviria melhor do que os gráficos e decidi imediatamente seguir este caminho.

Sofrimento pessoal transposto na obra “Eu e Mia, Miastenia gravis”

A miastenia gravis sem dúvida teve um impacto na minha vida, mudando-a 360 graus.

Tudo começou há 5 anos quando surgiram os meus primeiros sintomas, sendo o mais acentuado a perda da voz, seguida de fraqueza muscular generalizada. Nos primeiros 3 anos eu não conseguia falar nada, quando saía me comunicava apenas por escrito, pelo telefone. Atividades simples como subir escadas, sorrir, engolir ou vestir-se tornaram-se desafios diários. Foi difícil para mim socializar, acompanhar os outros. Pensei então que minha vida havia parado. Não queria largar a faculdade nem me isolar das pessoas, me obriguei a não desistir e seguir em frente.

Eu me perguntei, quem sou eu se não posso falar? Como as pessoas ao meu redor poderiam entender o que estou passando e como poderia explicar a elas se não posso verbalizá-lo? Como eu poderia pedir a ajuda deles?

Eu não queria mais me esconder. Eu sabia que tinha essas habilidades de design e ilustração em mãos, poderia fazer algo, poderia fazer uma mudança.

Assim nasceu o projeto Me and Mia, Myasthenia gravis. Tornou-se a voz que perdi, tornou-se minha catarse. Eu não era o único a passar por isso, queria oferecer apoio, encorajamento e orientação também a outros pacientes com MG, queria ser a voz deles também.

Através deste livro quis dar a conhecer a realidade de viver com MG, o processo mental e emocional pelo qual temos de passar, mas também a nossa capacidade de adaptação face às adversidades.

Quero aumentar a conscientização sobre essa condição rara e contribuir o máximo possível para entender e apoiar a comunidade GM.

Que efeito o processo criativo deste trabalho teve em você?

Para ser sincero, foi uma mistura de tristeza, libertação, alegria, raiva e aceitação. Como queria retratar minhas experiências da maneira mais honesta e precisa possível, induzi um estado de transe através do qual revivi os momentos mais impressionantes da minha vida da maneira mais vívida possível. Não pretendi apenas narrar os acontecimentos, quis também anexar os pensamentos, medos e emoções vividas. Eu me permiti ser vulnerável, ter coragem.

As anotações coletadas em meu telefone nos últimos anos foram úteis para mim, com a ajuda delas redescobri muitas memórias que minha mente tentava esconder. Procurei usar os sintomas atípicos e oscilantes como referência para a diagramação do texto. Muitas vezes o texto, como Mia`, é decente, tranquilo, mas sem nenhum aviso, torna-se agitado, avassalador, atípico e quebra o ritmo do livro. A miastenia gravis não é uma condição degenerativa, recuperamos o que perdemos na pose, então o mesmo foi encontrado na colocação do texto.

Para além das ilustrações e do texto, incluí também como suporte fotos do meu arquivo pessoal, uma decisão bastante difícil, mas que me ajudou a aceitar que esta condição se tornou parte de mim e a optar por deixar de me esconder.

Gosto do nome da condição, então incluí no título, mas também personifiquei e encurtei para Mia, minha amiga com quem brigo de vez em quando.

A maneira como você estruturou o papel

A obra está estruturada em 3 partes, sendo uma pequena viagem ao universo MG. Na primeira parte expliquei o que significa Miastenia, sendo um texto mais científico, optei por não incluir fotos ou ilustrações, dando ênfase ao conhecimento e compreensão da condição. Na segunda parte, listei alguns dos desafios que os pacientes com MG enfrentam quase diariamente. Também nesta parte criei um pequeno kit de primeiros socorros que contém recomendações para lidar com emoções fortes (o estado emocional muitas vezes pode influenciar essa condição, tanto positiva quanto negativamente). Assim, depois que o leitor se familiarizou mais com Mia, optei por contar minha história na última parte, em forma de diário.

Primeira apresentação do livro. primeiras reações

Apresentei a primeira versão do livro na faculdade, como um projeto de dissertação. Mesmo suspeitando que algo estava errado comigo, muitos de meus conhecidos ficaram chocados quando descobriram o que eu passei e que tipo de condição era. Principalmente colegas e alguns professores que não sabiam que frequentemente assistimos aulas do hospital (durante a pandemia) e descobrimos através do livro. Eu tinha tentado muito esconder meus sintomas até aquele ponto. Os feedbacks não só foram positivos como me deram coragem para continuar o projeto e torná-lo conhecido do público em geral.

Em quais projetos você gosta de trabalhar agora?

Gosto de projetos com caráter cultural ou que envolvam responsabilidade social e sustentabilidade. Sinto-me no meu melhor quando tenho a oportunidade de fazer uma diferença positiva na vida das pessoas ou comunidades locais. Também me sinto à vontade quando tenho projetos que envolvem trabalho com tipografia, livros ou ilustrações.

O processo criativo, do briefing ao produto final

Tudo começa com o estabelecimento de um brief eficaz através do qual garanto, juntamente com o cliente, que incluí todas as informações essenciais. O próximo passo é a pesquisa, passo a maior parte do tempo aqui, principalmente quando as ideias não surgem facilmente. Depois, há esboços e feedback do cliente, certificando-se de que captei suas necessidades e desejos.

Onde você busca inspiração?

Sigo diariamente sites como Behance, AIGA ou It`s Nice That, e claro, Instagram e redes sociais. Mas encontro minha inspiração mais facilmente saindo de casa e explorando. Se eu ficar preso, a primeira coisa que faço é jogar! Eu tiro fotos e desenho rostos em objetos, rabisco, escrevo ou simplesmente me dou alguns momentos de autocuidado.

Rituais para estimular a criatividade

Confesso que ainda não encontrei a receita perfeita para estimular constantemente a minha criatividade. Muitas vezes fico preso e parece que tudo o que faço não é bom o suficiente. Mas, felizmente, tenho alguns recursos a quem recorrer. Me ajuda muito buscar projetos de design onde o processo criativo também seja apresentado. Mudo o ambiente em que costumo trabalhar, desenho pessoas no parque, faço colagens ou leio. Às vezes também faço limpeza geral, principalmente no escritório, notei que um espaço bagunçado me joga imediatamente em um bloqueio artístico.

Seu estilo criativo e refinamento ao longo do tempo

Eu diria que meu estilo tem um toque crafty, gosto de combinar o meio digital com o tradicional, sinto que fica mais autêntico e me encontro. Ajudou-me muito praticar quase diariamente e tentar, mesmo que nem sempre consiga, explorar novos estilos.

Trabalhando por conta própria

Acho que em nosso país o freelancer e o empreendedorismo envolvem uma série de desafios e oportunidades. As vantagens seriam a liberdade de organizar sua agenda e trabalhar de onde quiser, definindo seus próprios preços e seleção de clientes. Às vezes é difícil encontrar projetos, especialmente aqueles em que você deseja se especializar, às vezes você encontra um cliente difícil com o qual não consegue se comunicar de maneira fácil e eficaz. Outro desafio estaria relacionado à competição e promoção pessoal.

A indústria romena de design gráfico

Tenho notado uma tendência crescente na indústria do design ultimamente: promover e descobrir designers locais. Fico feliz em ver que a ideia de competição deu lugar ao conceito de colaboração e como nossa comunidade está iniciando tais projetos.

Parece-me que esta mudança de paradigma traz um aspecto positivo e saudável para a indústria na Romênia.

Os clichês que você vê em seu campo

A ideia de que você precisa ser um bom desenhista para ser um designer ou que precisa ser bom em todos os aspectos do design.

Novos requisitos do cliente

De fato, os requisitos mudaram e refletem as tendências atuais, a grande maioria das quais são mudanças positivas.

Muitos clientes ficaram preocupados com seu impacto no meio ambiente e na sociedade e estão adotando um resumo que reflete isso.

Além disso, os clientes colocam mais ênfase na narrativa, na identidade e nos valores. Eles querem estabelecer uma conexão emocional com seu público por meio do design gráfico.

O que vem a seguir para você?

O ano de 2023 é um ano repleto de atividades, muitas delas relacionadas à conscientização da Miastenia Gravis.

Mas este ano pretendo explorar ao máximo a vertente do design e fazer parte dos projetos iniciados no espaço local.


Source: IQads by www.iqads.ro.

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