
PEÇAS HISTÓRICAS ESCOLHIDAS POR JOSEP MARIA CASASÚSDa entrevista de Robert Saladrigas (Barcelona, 1940-2018) com Jorge Edwards (Santiago de Chile, 1931 – Madrid, 2023) na série “Monólogos con…” que o escritor e crítico literário catalão publicou em ‘Destino ‘ (2-III-1974). Tradução própria. O também escritor e crítico literário Jorge Edwards, falecido em 17 de março, exilou-se em Barcelona em 1973, proscrito pelo golpe militar. Aqui dirigiu a Difusora Internacional, uma editora de onde encomendou artigos para seus anuários de jovens jornalistas catalães.
Os olhos sombreados do chileno Jorge Edwards piscam insistentemente. Jorge Edwards parece estar literalmente imerso na surpresa. Seu último livro, Persona non grata, está causando estragos. Direitas, esquerdistas, utopistas, partidários da Revolução Cubana, todos criticam o escritor chileno que em 1970 ocupou o cargo de Primeiro Charge d’Affaires da Embaixada do Chile em Cuba. Após a vitória da Unidade Popular, o Chile foi o primeiro país latino-americano que, sem o bloqueio dos Estados Unidos, retomou relações diplomáticas com Cuba. Três meses depois, Jorge Edwards deixou a ilha com o título oficial de persona non grata. De Havana mudou-se para Paris durante o tempo em que Neruda ocupou o cargo de embaixador. Depois veio a despedida da carreira diplomática, a redação do livro escandaloso, a trágica derrubada de Allende, a recente publicação da obra. Jorge Edwards, na sólida e afortunada manhã barcelonesa, pestaneja como se estivesse surpreendido, até mesmo estupefacto com o desenrolar dos acontecimentos. -“Olha – diz ele – vou te explicar: tenho escrito principalmente narrativas curtas, que são reunidas em O pátio, As pessoas da cidade, As máscaraseu Temas e variações. Mas nesse meio tempo, fiz várias tentativas de romances que não iam além disso, até que de repente percebi que muitos dos personagens que apareciam nas minhas histórias com nomes e situações diferentes eram na verdade os mesmos. Depois tentei unificá-los, e foi assim que saiu meu primeiro romance, O peso da noite […] Estamos no moderno apartamento que Jorge Edwards mora em Barcelona. Pilar, sua mulher, saiu, talvez para não atrapalhar nossa conversa. Edwards prepara o café. A rua calma, subindo em direção ao primeiro sopé do Tibidabo. Hoje é um dia incomum, com um vento assobiando. O quarto espaçoso, com paredes brancas. Mesa de jantar retangular, cadeiras e buffet estilo colonial. Poltronas e sofá vermelho, confortáveis. Um toca-discos estéreo. Muitos pratos. Acima de tudo, Strauss valsa. No chão, um quadro emoldurado, aguardando o destino. Uma estante-móveis-vitrine-de-objetos-belos. Os próprios livros de Edwards, alinhados. Outros ingleses e espanhóis, provenientes de viagens pelo continente sul-americano durante o século XIX. Uma cópia da primeira edição de David Copperfield, resgatado de uma livraria de Londres. Todos encadernados em couro. Porta medalhas, vasos, peças que me parecem exóticas. A sala adjacente é o escritório de Edwards. […] Quem é Jorge Edwards agora? Pergunto-lhe. – “Bem, Jorge Edwards é agora um escritor chileno que já passou pela diplomacia e pela política, hein? – responde, levantando a cabeça e fechando os olhos – e… bem, eu diria que é um cara que acredita que o futuro pertencerá de alguma forma ao socialismo, mas que ao mesmo tempo mantém toda a sua lucidez diante dos problemas que o socialismo acarreta, e entende que a função do escritor é manter uma atitude crítica frente aos fenômenos da burocracia e da institucionalização de política. […]
Source: Ara.cat – Portada by www.ara.cat.
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